Martin Luther King Júnior

Martin Luther King Júnior
Compartilhar

Martin Luther King Júnior (1929-1968), também conhecido como Martin Luther King, ou simplesmente, Luther King, foi um estadunidense Congregacionalista; Pastor da Igreja Batista; Ativista; e Líder do Movimento dos Direitos Civis Americanos.

Luther King nasceu no dia 15 de Janeiro de 1929, na capital de Atlanta, no Condado de Fulton, Estado da Geórgia, nos Estados Unidos. Seus pais, Martin Luther King e Alberta Williams King, eram protestantes e professavam as convicções Batistas. O Sr. King foi pioneiro do Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos, além de missionário e pastor Batista. Da união do casal King, nasceram três filhos: Willie Christine King; Martin Luther King Júnior; e Alfred Daniel Williams King. Todos foram influenciados pela educação Protestante-Batista e pelos ideais do Movimento dos Direitos Civis.

Inicialmente, o seu nome seria Michael King, mas o seu pai alterou para Martin Luther King, para homenagear a ousadia de Martinho Lutero, o Reformador alemão. Não há como entender a vida e ativismo de Martin Luther King sem antes compreender um pouco do contexto histórico racial de seu país, os Estados Unidos.

Os pioneiros africanos desembarcaram nos Estados Unidos no início do Século XVII, assumindo a servidão por contrato para custear as passagens para a América. O trabalho escravo não estava regulamentado, no entanto, era presenciado em vários Estados, inclusive, o sul do país incentivava o tráfico negreiro para suprir o trabalho nas regiões agrícolas.

Em 1860, a população escrava chegava a 4 milhões de pessoas espalhadas em quinze Estados. A população americana desses Estados alcançava 12 milhões de pessoas e apenas 500 mil negros viviam livres no país.

A sociedade americana foi efervescida com as vozes abolicionistas do Século XVIII, alcançando forças em 1860, com a eleição à presidência do opositor à escravidão – Abraham Lincoln. Conflitos sociais foram acirrados detonando a Guerra Civil Americana, estimulando a assinatura da Proclamação da Emancipação em 1863, pelo então presidente Lincoln.

Com o assassinato de Abraham Lincoln, em 15 de Abril de 1865, findou a última morte decorrente da Guerra Civil. A nação foi esvaziada de representação, o país vivia um caos até que surgiram os primeiros empreendedores dos Estados Unidos, iniciando uma nova era com os “Gigantes da Indústria”, o que proporcionou avanços de infraestrutura ao país como os estaleiros, linhas férreas, exploração do Petróleo, do aço estrutural, energia elétrica, além de instituições financeiras.

O crescimento vertiginoso dos Estados Unidos, trouxe muitas desigualdades sociais, surgindo os primeiros sindicatos na América para reivindicar melhorias para as classes trabalhadoras que eram muito exploradas com jornadas de trabalho desumanas. No meio dessas turbulências sociais, estavam os negros com as heranças da discriminação racial.

No fim do Século XIX, os Estados do Sul, afetados economicamente pelo fim da escravatura, promulgaram várias leis que legitimavam a discriminação racial e dificultavam o acesso dos negros ao voto. Os Estados Unidos vivenciavam a segregação institucionalizada, prédios e transporte públicos, escolas, restaurantes, cinemas, cadeias, inclusive, templos religiosos, separavam espaços determinados para brancos e negros.

Geralmente, os espaços destinados aos negros eram sujos, sem manutenção e deploráveis. Os casamentos entre negros e brancos eram proibidos para não misturar as “raças”. A presença dos filhos de negros com brancos era proibida em diversos Estados. Nas bibliotecas, os únicos livros que os negros tinham acesso eram aqueles desprezados pelos brancos. Quando um livro era consultado por um branco, ele ficava terminantemente proibido para consulta por negros.

No início do Século XX, começaram os movimentos pelas igualdades dos direitos, mas apenas os esportes foram cedidos, outros entretenimentos e setores da sociedade permaneciam bloqueados para os negros. Nessas circunstâncias, Martin Luther King Júnior trouxe a sua vocação pastoral para as ruas, denunciando os abusos da sociedade e as contradições de uma nação apelidada de “cristã”. Luther King seguiu os caminhos do pai, trilhando o ministério pastoral Batista e lutando pelas transformações sociais através do Movimento dos Direitos Civis Americanos.

Todas as manifestações conduzidas pelo pastor Batista foram pacíficas e marcadas por discursos carregados de contextos bíblicos. Os protestos clamavam por direito ao voto; o fim da segregação; o término das discriminações no trabalho; dentre outros direitos civis básicos.

Em 1955, a costureira negra Rosa Parks recusou ceder o seu assento no ônibus para um passageiro branco, o que deu origem ao boicote liderado por Luther King, durando aproximadamente 300 dias, até que conseguiram a dessegregação nos ônibus de Montgomery, no Alabama. Nesse contexto, Martin Luther King fundou a Conferência Sulista de Liderança Cristã, buscando com vigor a igualdade racial. Os protestos alcançaram projeção internacional e muitos foram solidários com a causa e manifestaram adesão às reivindicações dos Direitos Civis.

King recebia o seu encargo através da leitura da Bíblia, principalmente, dos Evangelhos, onde a vida terrena de Jesus é narrada e a sua obra é demonstrada através do apascentar dos discípulos e mediante a denunciação das contradições dos religiosos e políticos de sua época. Luther King foi caracterizado como o Pacifista Cristão.

Além dos seus estudos habituais, Luther King, empreendia tempo para estudar a vida e obra de muitos ativistas, por exemplo: Mahatma Gandhi, Fundador do moderno Estado da Índia; e o 14º Dalai Lama, Líder do povo tibetano, Nobel da Paz.

Em 1963, Luther King conduziu a Marcha pelo Trabalho e pela Liberdade, em Washington, reunindo aproximadamente 250.000 pessoas em frente ao Memorial Lincoln, proferindo um dos discursos mais conhecidos da história “Eu Tenho Um Sonho”. No ano seguinte, foi aprovado o Ato dos Direitos Civis, enviado pelo presidente John F. Kennedy ao Congresso, também foi banida a discriminação racial em escolas e locais públicos e findou a segregação racial. O êxito, proporcionou o reconhecimento ao jovem pastor Luther através do Nobel da Paz. Luther King foi um dos mais jovens a alcançar tal prêmio.

Os Beatles faziam sucesso na Europa; a Ditadura Militar perseguia intelectuais e artistas no Brasil, limitando a atuação dos cristãos; a China Comunista de Mao Tsé-Tung exterminava a Igreja, prendendo diversos líderes, dentre os quais Watchman Nee; e os Estados Unidos promoviam vários processos judiciais injustos e prisões contra Luther King, mas o seu amigo, evangelista Billy Graham, destinava esforços para quitar as fianças e promover a unidade entre brancos e negros, principalmente, no cenário cristão.

Martin Luther King Júnior foi odiado pelos Segregacionistas, que não descansaram até eliminar as suas atividades nesta Terra. No dia 4 de Fevereiro de 1968, dois meses antes de sua morte, pregou na Igreja Batista Ebenezer, em Atlanta, declarando o que desejava no seu funeral:

Não mencionem o Prêmio Nobel da Paz, recebido em 1964, também não mencionem as outras centenas de honrarias. Não citem a escola e faculdade da minha formação. Apenas digam que busquei o lado certo da guerra, procurei alimentar os famintos, vestir os pobres, visitar os presos, amar e servir a humanidade.

Na juventude, foi seduzido pelas Ciências Jurídicas, pois almejava uma base intelectual para compreender a Filosofia Social, mas foi atraído pela nobreza do serviço cristão. Habitualmente declarava:

Obtive meus ideais cristãos com a minha formação, mas aprendi a técnica operacional com Gandhi.

Conquistou o título de “Doutor” na Universidade de Boston e foi nomeado pastor da Igreja Batista da Avenida Dexter, em Montgomery, no Alabama.

Suas palavras, seus ideais:

Digo hoje a vocês, meus amigos, que apesar das dificuldades e frustrações do momento, ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano. Eu tenho um sonho de que um dia esta nação vai se levantar e viver o verdadeiro significado de sua crença: ‘Consideremos essas verdades auto-evidentes: que todos os homens são criados iguais’. Eu tenho um sonho de que um dia, nas montanhas da Geórgia, os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos donos de escravos serão capazes de sentarem-se juntos à mesa da fraternidade. Eu tenho um sonho de que meus quatro filhos um dia viverão numa nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas sim pelo conteúdo de seu caráter (…). Quando permitirmos que a liberdade ecoe, quando permitirmos que ela ecoe em cada vila e cada aldeia, em cada estado e cada cidade, seremos capazes de avançar rumo ao dia em que todos os filhos (criaturas) de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão dar as mãos e cantar as palavras da velha cantiga negra, ‘Enfim livres! Enfim livres! Graças a Deus Todo-Poderoso, enfim estamos livres!’. (Eu Tenho Um Sonho, Washington, 28 de Agosto de 1963).

Há um grande dia adiante. O futuro está do nosso lado. Por enquanto estamos no deserto. Mas a Terra Prometida está adiante. (…). Em todos os períodos, sempre existem aquelas pessoas que não se importam em ter suas cabeças cortadas, que não se importam em ser perseguidas, discriminadas e agredidas, porque elas sabem que a liberdade jamais é entregue de graça; ela só vem através da persistente e contínua agitação por parte daqueles que estão presos no sistema. Isso nos lembra do fato de que uma nação ou povo pode se desvencilhar da opressão sem violência (…). Deus, nosso gracioso Pai, ajude-nos a enxergar as visões desta nova nação. Ajude-nos a segui-Lo (Deus) e a seguir as Suas obras neste mundo. De alguma forma descobrimos que fomos feitos para vivermos juntos, como irmãos. E isso virá ainda nesta geração: o dia em que todos os homens reconhecerão a paternidade de Deus e a irmandade dos homens. (O Nascimento de Uma Nova Nação, Montgomery, 7 de Abril de 1957).

Infelizmente, a História transforma algumas pessoas em oprimidas e outras em opressoras. (…) os indivíduos oprimidos podem lidar com a opressão. Uma delas é se levantar contra o opressor com violência física e ódio corrosivo. Mas este não é o caminho. Pois o perigo e a fragilidade deste método são sua futilidade. A violência cria mais problemas sociais do que soluções. Como disse várias vezes, se o negro sucumbir à tentação de usar a violência em sua batalha, as gerações que ainda não nasceram receberão uma longa e desoladora noite de amargura, e nosso principal legado ao futuro será um eterno reinado de caos sem sentido. A violência não é o caminho (…). Sou tolo o bastante para crer que, através do poder deste amor, até os homens mais inflexíveis serão transformados. E aí estaremos no reino de Deus. Poderemos nos matricular na universidade da Vida Eterna, pois teremos o poder de amar nossos inimigos, abençoar as pessoas que praguejaram contra nós, até decidirmos ser bons com as pessoas que nos odiavam, até orarmos pelas pessoas que nos usaram. (Amar Seus Inimigos, Montgomery, 17 de Novembro de 1957).

Aceito o Prêmio Nobel da Paz num momento em que 22 milhões de negros nos Estados Unidos estão envolvidos numa batalha criativa para encerrar a longa noite da injustiça racial. Aceito este prêmio em nome de um movimento de direitos civis que está avançando com determinação e um majestoso desprezo pelos riscos e perigos de estabelecer um reino de liberdade e um sistema de justiça. Estou ciente de que uma pobreza debilitante e asfixiante aflige meu povo e o acorrenta ao degrau mais baixo da escada econômica. Portanto, devo perguntar por que este prêmio está sendo concedido a um movimento que é comprometido com uma luta incessante; a um movimento que não conquistou a própria paz e fraternidade que é a essência do Prêmio Nobel. Depois de pensar a respeito, conclui que este prêmio que recebo em nome desse movimento é um reconhecimento profundo de que a não-violência é a resposta à questão moral e política crucial de nosso tempo: a necessidade do homem superar a opressão e a violência sem recorrer à violência e à opressão (…). (Deus) Dá forças aos nossos pés cansados enquanto continuamos nossa marcha rumo à cidade da liberdade. Quando nossos dias tornarem-se lúgubres (tristes) e cobertos por nuvens e nossas noites tornarem-se mais escuras que mil meias-noites, saberemos que estamos vivendo no tumulto criativo de uma civilização genuína lutando para nascer. (Cerimônia de entrega do Nobel da Paz, Oslo, 10 de Dezembro de 1964).

Que despertemos nesta noite com uma prontidão ainda maior. Ergamos-nos com uma determinação ainda maior. E que ataquemos de frente estes dias poderosos, estes dias marcados pelo desafio de transformar a América no que ela deve ser. Temos a oportunidade de fazer da América uma nação melhor. E quero agradecer a Deus, mais uma vez, por permitir que eu esteja aqui com vocês (…). Bem, eu não sei o que virá agora. Teremos dias difíceis pela frente. Mas isso não importa para mim agora porque eu subi ao topo da montanha (Deuteronômio 34). Não me importo mais. Como qualquer pessoa, eu gostaria de ter uma vida longa. A longevidade é boa. Mas não estou mais preocupado com isso agora. Quero apenas cumprir a Vontade de Deus. E Ele permitiu que eu subisse a montanha. E lá de cima eu enxerguei. Eu enxerguei a Terra Prometida. É provável que eu não entre lá com vocês. Mas quero que vocês saibam esta noite que nós, como um povo, chegaremos à Terra Prometida. Por isso estou feliz esta noite. Nada me preocupa. Não temo nenhum homem! Meus olhos viram a Glória da Vinda do Senhor! (O Sermão do Topo da Montanha, Memphis, 3 de Abril de 1968)

Fonte:

Exemplos da História – Martin Luther King Jr

Compartilhar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.