Governo Comunista da China exige que religiosos pobres renunciem a sua fé para receberem benefícios sociais

Governo Comunista da China exige que religiosos pobres renunciem a sua fé para receberem benefícios sociais. Imagem: Volksrepublik_China_Flagge-20101231-RM-132121
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Por causa da ajuda que recebem do Estado, os residentes religiosos pobres da China são obrigados a renunciar à sua fé, ou seus benefícios serão retirados, sendo ordenados a adorarem o atual presidente Xi Jinping e o falecido primeiro presidente da China, Mao Tsé-Tung (este último responsável por 70 milhões de mortes).

Em 2018 já haviam relatos dessa prática das autoridades chinesas, mas devido ao surto de coronavírus que afetou significativamente a economia da China e os meios de subsistência das pessoas, principalmente famílias de baixa renda e sem muita ajuda do Estado em meio à pandemia, os residentes religiosos estão sendo coagidos com maior frequência a renunciar à sua fé, ou seus benefícios sociais serão cancelados.

Em abril, o governo de uma cidade na província de Shanxi, no norte do país, convocou autoridades de todas as aldeias sob sua jurisdição para uma reunião. Os participantes receberam ordem para remover cruzes, símbolos religiosos e imagens dos lares de pessoas de fé que recebem pagamentos de assistência social e substituí-los por retratos de Xi Jinping e Mao Tsé-Tung. Os funcionários do governo também foram instruídos a anular os subsídios daqueles que protestarem contra a ordem.

Símbolos religiosos na casa de um cristão na província de Jiangxi foram substituídos por imagens de Mao Zedong e Xi Jinping. (Foto: Bitter Winter)
Símbolos religiosos na casa de um cristão na província de Jiangxi foram substituídos por imagens de Mao Zedong e Xi Jinping.

Um membro de uma igreja vinculada ao Movimento Patriótico das Três Autonomias, órgão que controla as igrejas sancionadas pelo governo, disse ao jornal Bitter Winter que as autoridades locais retiraram todos os símbolos religiosos, bem como um calendário com a imagem de Jesus de sua casa e foi instalado um retrato de Mao Tsé-Tung em seu lugar.

As famílias religiosas mais pobres não podem receber dinheiro do Estado por nada — elas devem obedecer ao Partido Comunista pelo dinheiro que recebem, disse o membro cristão, relembrando as palavras ditas pelo oficial chinês.

Um pregador de uma igreja doméstica recebeu uma visita de autoridades locais em maio. Eles removeram uma cruz e imagens de Jesus de sua casa e postaram um retrato de Mao Zedong.

Todas as famílias pobres da cidade foram instruídas a exibir imagens de Mao. O governo está tentando eliminar nossa crença e quer se tornar nosso deus no lugar de Jesus, disse o pregador com raiva.

A política está sendo implementada em outras localidades da China. Em abril, o governo da cidade de Xinyu, na província de Jiangxi, sudeste do país, retirou o subsídio mínimo mensal (cerca de 14 dólares) de sobrevivência de um cristão com deficiência.

As autoridades me disseram que seríamos tratados como elementos antipartidários se eu e meu marido continuássemos participando dos cultos, lamentou a esposa do homem.

Um membro de 80 anos de uma igreja do Movimento das Três Autonomias do condado de Poyang, em Jiangxi, foi removido da lista de ajuda do governo porque disse “graças a Deus” após receber seu subsídio mensal (cerca de 28 dólares) em meados de janeiro.

Eles esperavam que eu elogiasse a bondade do Partido Comunista, disse o cristão.

Em meados de maio, um oficial de uma vila administrada pela cidade de Heze, na província oriental de Shandong, invadiu a casa de um cristão local e instalou retratos de Mao Zedong e Xi Jinping.

Estes são os maiores deuses. Se você quer adorar alguém, eles são os únicos, disse o oficial.

Uma cristã da cidade de Weihui, na província central de Henan, cuida de seus dois filhos sozinha depois que o marido morreu inesperadamente há mais de dez anos. Ela começou a receber um subsídio mínimo de vida do estado em 2016. No início de abril, uma autoridade da vila ordenou que a mulher assinasse uma declaração renunciando à sua fé e destruísse todos os símbolos cristãos em sua casa. Desde que ela recusou, seu subsídio foi cancelado.

Outra mulher, uma idosa de 70 anos da cidade de Shangqiu, em Henan, também teve seu subsídio mínimo de vida cancelado em 14 de abril porque oficiais do governo encontraram uma cruz na porta de sua casa.

Eles destruíram tudo imediatamente, lembrou a cristã. Depois, tanto o meu subsídio mínimo de vida quanto o subsídio de alívio da pobreza foram cancelados. Estou em um beco sem saída. Tenho diabetes e preciso de injeções regularmente, lamentou.

Esse pouco dinheiro que ela recebia do governo era seu pão. Mas foi cancelado por causa de uma imagem de uma cruz, causando grandes danos a essa mulher, disse o vizinho da idosa.

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