O avanço do evolucionismo teísta no Brasil

O avanço do evolucionismo teísta no Brasil
Compartilhar

Esse é um tema que precisa ser mais bem divulgado pela comunidade criacionista no Brasil. Existem situações ainda pouco conhecidas a respeito de uma instituição brasileira divulgadora do evolucionismo teísta, mais conhecido como “evoteísmo”.

A meu ver, dentro do campo da ciência e religião, esse foi, é e será cada vez mais o maior problema que nós criacionistas literais enfrentaremos no anúncio das boas-novas de um Deus Criador em nosso próprio país. A estratégia usada nesse modelo é a de se misturar verdades com mentiras. Sabemos que esse problema não é novo. A Bíblia diz que o pai dessa ideia foi satanás, ainda lá no Éden.

Eu sou até certo ponto tolerante e entendo a postura e o modo de pensar de evolucionistas sinceros, mesmo que estes ignorem os atuais dados científicos. Mas quando o assunto é evolucionismo teísta a coisa fica diferente. Saindo do campo científico, mesmo porque essa ideia não se apóia em evidências científicas, e entrando no campo filosófico e teológico (como humano, pessoa que sou) vejo que essa tem sido uma estratégia satânica, um modo de misturar a falsamente chamada ciência com péssima teologia. E esses argumentos evoteístas tem feito um estrago dentro da igreja cristã. Jovens têm sido seduzidos por argumentos que tem como fundamento a areia movediça.

Argumentos que tentam fazer com que jovens aceitem, por exemplo, o princípio da superposição, que diz respeito às diversas camadas geológicas que teriam sido depositadas ao longo de bilhões de anos, e com isso o aceite “lógico” de que Deus teria dirigido o processo de evolução em nosso planeta também ao longo de bilhões de anos. Na etapa seguinte, isso nos conduz para a aceitação de que a morte é parte do processo natural da criação de Deus, o que nos leva a um ponto crítico: se a morte não é resultado do pecado de Adão e Eva em desobedecer a Deus (como diz Gênesis), então concluo, dentre algumas possibilidades, que a linguagem do livro de Gênesis é simbólica e, portanto, esses personagens nunca existiram como fato histórico.

Na etapa seguinte o pensamento se propaga e enraíza destruindo toda a base da fé cristã. Isso porque, se a história de gênesis não é real, então não teria a necessidade de Jesus ter vindo morrer numa cruz a fim de salvar a humanidade de seus pecados e da morte e tampouco voltar uma segunda vez para nos levar para a vida eterna. Opa, chega-se num impasse! “Será que também todo o restante da Bíblia é simbólico?” Essa é a conclusão a que chegam os que aceitam o evolucionismo teísta, evoteísmo. Você consegue enxergar como esse pensamento vai minando desde o Velho Testamento até o Novo Testamento?

Caso você queira conhecer em detalhes os inúmeros problemas teológicos, filosóficos e científicos que podem ser encontrados na perigosa proposta evoteísta, deixo como indicação o livro Theistic Evolution: A Scientific, Philosophical, and Theological Critique. Em relação a este livro, Dr. James N. Anderson, professor associado de Teologia e Filosofia no Seminário Teológico Reformado (Charlotte, EUA), comenta:

Os evangélicos estão experimentando uma pressão sem precedentes para fazer as pazes com a teoria da evolução darwinista, e números crescentes estão hasteando a bandeira branca. A trágica ironia é que a teoria neodarwinista está mais ameaçada do que nunca, em face de múltiplos desafios científicos e discordâncias crescentes. Até agora, não houve uma resposta acadêmica consolidada à evolução teísta que combinasse – quanto às desse livro – críticas científicas, filosóficas e teológicas. Os editores reuniram um elenco impressionante de especialistas e o conteúdo é de alto nível. Evolucionistas teístas, e aqueles influenciados por seus argumentos, devem ler e digerir este compêndio de ensaios.

Hoje, ao que tudo parece, a maior instituição propagadora, de forma implícita, do evolucionismo teísta no Brasil é a Associação Brasileira de Cristãos na Ciência (ABC2), com 27 grupos locais alcançando, principalmente, os grandes centros universitários. Apesar de seu aparente intento em evitar identificar-se com essa proposta, conforme pode ser visto em seu “Quem somos” ao mencionar um dos parágrafos de seu estatuto o qual diz:

Enquanto organização, a ABC² não toma posição quando há desacordo honesto entre cristãos em uma questão.

Em uma notícia divulgada sobre o lançamento do Discovery-Mackenzie, a ABC2 também comenta sua estratégia e sua suposta imparcialidade quanto a se posicionar como evoteísta:

Temos procurado contribuir para o diálogo com a difusão de material da linha menos difundida no Brasil entre os evangelicais (a da criação evolucionária), sem, contudo, nos identificarmos com ela enquanto instituição. Pelo contrário, o que desejamos com isso é que todas as vertentes estejam mais bem representadas no país e aprendam a dialogar com mais profundidade e sem caricaturas. [ênfase acrescentada]

Porém, o jornalista Marcio Campos da Gazeta do Povo publicou uma matéria intitulada Criacionismo recua nos Estados Unidos onde faz o seguinte comentário acerca da ABC2:

A ABC2 afirma, sim, que o material que difunde pende para a linha da “criação evolucionária”, que é a menos popular entre os protestantes brasileiros, mas que a instituição está aberta a defensores de todas as correntes, e por isso a entidade dá as boas-vindas ao núcleo do Mackenzie, esperando que ele não adote uma posição de isolamento.

Também é importante mencionar que a ABC2 tem recebido recursos milionários da Fundação internacional Templeton World Charity Foundation (TWCF), conhecida também como John Templeton Foundation. Desta forma, eles têm organizado uma série de conferências a nível nacional e regional e produzido muitos materiais acessíveis como, por exemplo, cinco cursos a distância (EaD), texto escancaradamente evoteísta publicado em sua página sob o título “Criação, Evolução e Cristãos Leigos”, uma série de livros sobre ciência e religião tal como o do título Deus e Darwin – pensamento evolutivo e teologia natural e documentários como “O Diálogo Entre Fé Cristã e Ciência no Brasil”.

Além disso, parece que a ABC2 tem flertado com a Biologos, instituição publicamente evoteísta fundada pelo Dr. Francis Collins, aquele do Projeto Genoma Humano. A Biologos admite o seguinte em seu “Quem somos”, no tópico ‘Missão’:

O BioLogos convida a igreja e o mundo a ver a harmonia entre a ciência e a fé bíblica à medida que apresentamos uma compreensão evolucionária da criação de Deus.

Uma coisa é certa: a ABC2 tem divulgado constantemente as Conferências da Biologos. A ABC2 também tem traduzido e divulgado entrevistas com eminentes evolucionistas teístas em seu site como, por exemplo, a entrevista com Dennis R. Alexander, autor do Livro Criação ou Evolução: Precisamos Escolher? que chega a afirmar o seguinte em sua entrevista:

O que as igrejas precisam fazer é mostrar como a evolução, como uma teoria biológica, é perfeitamente compatível com uma fé cristã sólida. Isso significa que não há necessidade de rejeitar uma teoria tão bem fundamentada. Eu tenho sido um crente evangélico nos últimos 58 anos e nunca duvidei da teoria da evolução.

Agora eu pergunto: seria mera coincidência toda essa divulgação da ABC2 em prol do evolucionismo teísta? Outra entrevista curiosa divulgada em seu site é a realizada com o teólogo Dr. Gijsbert van den Brink da Faculdade de Teologia da Vrije Universiteit Amsterdam, na qual recomenda:

Os cristãos não deveriam investir energia no combate à teoria evolucionista, mas deveriam se concentrar em distinguir a sóbria teoria científica da evolução (grande parte dos quais são bastante convincentes) da ideologia anticristã do evolucionismo. É contra este último movimento cultural que a batalha espiritual tem de ser travada. Os cristãos não devem, no entanto, combater o que hoje em dia conta (por boas razões) como resultados estabelecidos da pesquisa científica.

Recentemente, por fim, mais uma vez a mesma organização financiadora da ABC2 aqui no Brasil, a John Templeton Foundation, foi noticiada por meio de uma matéria, na página do Instituto Smithsoniano, intitulada “Como falar com os evangélicos sobre a evolução”, como financiadora da popularização da macro-evolução humana a partir dos fósseis de supostos hominídeos, lá nos EUA, para o público evangélico. A matéria diz:

Uma organização com bons recursos que apoia os esforços para trazer a harmonia entre a religião e a ciência.

Mera coincidência ou decisões intencionais?

 

 

Sentiu vontade de aprender mais? Então, adquira meus livros acessando os links abaixo:

Revisitando as Origens

Teoria do Design Inteligente

Imagem fonte: Cross Examined

Compartilhar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

8 pensamentos em “O avanço do evolucionismo teísta no Brasil”