Deus criou o mal?

Deus criou o mal?
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Uma das principais razões pelas quais os ateus/céticos rejeitam a existência de Deus é a presença do mal no mundo. Eles argumentam que se existisse um Deus perfeito, Ele não criaria um mundo em que o mal existe. Eles também afirmam que se Deus criou tudo então, Deus também criou o mal.

Alguns críticos da religião afirmam que a Bíblia mostra dois tipos de Deuses, o primeiro seria o do Antigo Testamento (Yahweh, ou Yehovah) que na concepção deles seria um Deus violento, maldoso e desprovido de perdão. O Segundo é o do Novo Testamento (Yeshua) que segundo eles foi exatamente o oposto, sendo pacífico, amável e extremamente provido de perdão. Aliás, eles citam os próprios versículos da Bíblia, para “provar” que Deus seria mal, pois Ele mesmo teria criado o mal, veja:

Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas. (Isaías 45:7) versão Almeida C.R.F

Tocar-se-á a trombeta na cidade, e o povo não estremecerá? Sucederá algum mal na cidade, sem que o Senhor o tenha feito? (Amós 3:6) versão Almeida C.R.F

Porventura da boca do Altíssimo não sai tanto o mal como o bem? (Lamentações 3:38) versão Almeida C.R.F

Será mesmo? De acordo com esses textos, Deus seria mal?

Antes de tudo, devemos lembrar que a tradução bíblica para português traz alguns “incômodos” quando tratamos de assuntos mais complicados e de difícil entendimento. Por isso, é extremamente importante que, para esses assuntos, busquemos o entendimento dos textos originais, ou pelo menos as versões traduzidas mais próximas ao texto original. Assim, na maioria das vezes conseguimos resolver o “problema”.

Devemos lembrar que os hebreus e até mesmo os primeiros cristãos, entendiam ou expressavam-se de forma um pouco diferente da nossa sobre certos aspectos da vida e de Deus. Iremos entender isso mais adiante.

O que as traduções mais recentes informam sobre os mesmos versículos acima:

Eu formo a luz e crio as trevas, promovo a paz e causo a desgraça; eu, o Senhor, faço todas essas coisas. (Isaías 45:7) Nova Versão l Internacional

Quando a trombeta toca na cidade, o povo não treme? Ocorre alguma desgraça na cidade, sem que o SENHOR a tenha mandado? (Amós 3:6) Nova Versão Internacional

Não é da boca do Altíssimo que vêm tanto as desgraças como as bênçãos? (Lamentações 3:38) Nova Versão Internacional

Por que foram trocados os termos “mal” nas traduções antigas pelo termo “desgraça(s)” nas traduções modernas?

Foram trocados devido as revisões críticas textuais, que buscaram usar o que realmente as palavras queriam expressar no tempo e no contexto social/cultural/linguístico em que foram escritas.

Diferença entre Mal moral e Mal natural

Pelo que entendemos sobre Deus, o mal moral seria algo totalmente contrário a sua própria “natureza” perfeita, pois o mal é algo imperfeito. Deus jamais poderia “criar” o pecado sem com isso comprometer Seu caráter justo e santo. Por exemplo: Deus não prejudicaria alguém somente para obter algo que O beneficiasse. O ser humano sim faz isso constantemente, ou não?

Pois tu não és Deus que se agrade com a iniquidade, e contigo não subsiste o mal. Salmo 5:4.

Mas Deus pode permitir que calamidades exteriores sobrevenham a uma pessoa ou nação para discipliná-las com propósitos redentivos (ver Ap 3:19) ou mesmo punitivos (ver Ap 21:8), este então seria o mal natural.

Sobre Isaías 45:7 – A palavra “mal” (no hebraico é ‘ra ) aparece no verso 7 em contraste com o termo “paz” (hebraico shalom), e refere-se, aqui, não à natureza moral interior de uma pessoa, e sim a calamidades exteriores. Por exemplo: se lermos o contexto posterior de Isaías 47:11, veremos que o termo “mal” se refere à “desolação” e às “calamidades” que Deus permitiria vir sobre os babilônicos por não terem se arrependido dos pecados deles! Vejam:

Pelo que sobre ti virá o mal que por encantamentos não saberás conjurar; tal calamidade cairá sobre ti, da qual por expiação não te poderás livrar; porque sobre ti, de repente, virá tamanha desolação, como não imaginavas.

A palavra hebraica para designar mal em todos os versos citados no começo do artigo é ‘ra e pode significar: “mal moral”, “natureza perversa”, “males como inundações, terremotos, tempestades”. Mas, nesse contexto, ao entendermos sobre do que se trata os versículos citados, concluímos que são consequências do mal que os próprios seres humanos causaram ou buscaram, ou seja, a consequência seria o mal natural ou mal físico.

Também como dito no começo do artigo, sobre a forma que os judeus e cristãos antigos entendiam ou expressavam-se, podemos compreender o idiomatismo hebraico (forma como os hebreus se expressavam) que apresenta Deus fazendo coisas que na verdade, Ele não impede de acontecerem. Esse é o caso de 1 Samuel 16:14.

Conclusão

Quando entendemos o termo no original e a forma como o hebreu se expressa (apresenta Deus a fazer algo, mas, que na verdade Ele não impediu, Ele permitiu), conseguimos entender tais questões difíceis. E, quando lemos o contexto geral das Escrituras, concluímos que Deus realmente não é o autor do mal moral, mas sim que Ele permite que calamidades e desolações sobrevenham a pessoas, grupos ou nações rebeldes. Há também calamidades naturais como por exemplo: seca, inundações, furacões, glaciação, etc… que são ocorrências naturais do planeta, as quais estamos expostos. Pelo que lemos na Bíblia, Deus não altera o clico natural da natureza, porém em casos específicos como relatado na história de José (do Egito), Ele fez com que seu povo e toda a região do Oriente Médio conseguisse suportar a grande seca que viria, mas Ele mesmo não fez com que a seca não viesse, apenas deu uma opção para que o povo não perecesse naquela situação.

Abaixo relacionamos alguns vídeos interessantes para melhorar seu raciocínio sobre este tema:

Referências:

Evidence For God;

Novo Tempo

Imagem fonte: Reprodução Google

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