A discussão a respeito de que um cristão pode ser maçom ou não é antiga.
Já foi a causa, inclusive, de divisões entre denominações, como a Presbiteriana em 1902. A questão maçônica havia sido levantada, devido a presença de pastores, presbíteros e membros comuns assumidamente maçons; discutiram se era lícito ou não um cristão fazer parte da maçonaria. Apesar disso, a intenção deste artigo não é o de discursar longamente a respeito do assunto, mas apenas mostrar alguns aspectos da maçonaria e analisarmos se de fato existe ou não uma incompatibilidade entre a maçonaria e o cristianismo.
Comecemos, então pelo ritual de iniciação. Segundo a revista Universo Maçônico, a Cerimônia de Primeiro Grau significa o nascimento, ou o nascimento do conhecimento. O candidato à iniciação é tido como alguém que está em trevas (ignorância) e deve seguir para a luz (conhecimento) maçônica. Algo que, segundo a revista, modificará a vida do iniciado para sempre; a forma como a cerimônia é praticada variará para cada parte ou cultura do mundo[1].
Um dos “princípios do credo maçônico” mais valorizados é a busca pela verdade. Para eles, não é suficiente apenas caminhar “na direção da luz”, também devem seguir “na direção da verdade”, pois ela é “a fundação, a base, de todas as virtudes da maçonaria.” Tal busca pela verdade é o que poderá tornar os maçons homens verdadeiramente livres[2]. Esta busca, é claro, sempre é feita através dos estudos religiosos, científicos e filosóficos.
Uma vez iniciado, um maçom “jamais deixará de ser maçom”, mesmo que se torne uma “anátema”, como eles mesmos dizem[3]. O que significa que se alguém decidir deixar de comungar com o restante da fraternidade maçônica, esse alguém está proibido de comunicar aos que são de fora tudo aquilo que ele viu, ouviu e aprendeu nas lojas maçônicas, assim como faz qualquer maçom.
Já no que diz respeito a crença no divino, a maçonaria reconhece a existência de apenas um deus: G.A.D.U.: Grande Arquiteto Do Universo, que transliterado para outras línguas recebe nomes diferentes e as vezes bem semelhantes. A crença nesta divindade é algo “imprescindível” para fazer parte da maçonaria[4]. Ou seja, todos os maçons devem crer que há um único ser divino que criou todas as coisas.
Para a maçonaria, no princípio de todas as coisas, havia apenas “UM” ser divino que “desdobrou-se na dualidade e na multiplicidade[5]. Em outras palavras, este único ser divino poderia então ser visto na sua multiplicidade, em todas as religiões do mundo. E ao mesmo tempo, eles estariam livres “de dogmas” e de “crenças” dentro da “restrição temporal”[6].
Baseados apenas nestes pequenos pontos levantados podemos chegar à conclusão de que o cristianismo e a maçonaria não são compatíveis. O primeiro motivo encontra-se na ideia de que apenas na maçonaria é possível encontrar a luz e a verdade, e que todos os que estão fora dela estão em trevas. Contudo, o apóstolo João escreveu: “Esta é a mensagem que Dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele treva alguma.” I João 1.5
Sendo assim, se estamos com Deus, se somos seus filhos, então já estamos na luz, como está escrito: “Mas vós sois geração eleita, sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” I Pedro 2.9
Também em Cristo já temos liberdade: “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do julgo da servidão.” Gálatas 5.1
Deus, de fato esteve no princípio de todas as coisas, criando todas as coisas, mas não “desdobrou-se na dualidade” nem na “multiplicidade”, “porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” I Timóteo 2.5 E não podemos nos esquivar de seus mandamentos alegando sermos livres de dogmas: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama…” João 14.21
É claro que estes são apenas alguns dos diversos outros pontos existentes. Mas, assim como afirmado no início deste texto, a intenção não era a de escrever um estudo exaustivo sobre a questão. O que foi exposto e devidamente referenciado talvez seja suficiente para entendermos que não há comunhão entre entre Cristo e a maçonaria.
Referências:
[1] Revista Universo Maçônico. A Cerimônia de Iniciação no Ritual Emulação. [link]
[2] Revista Universo Maçônico. A Verdade e a Maçonaria. [link]
[3] Revista Universo Maçônico. Iniciação Maçônica. [link]
[4] Revista Universo Maçônico. À Glória do Grande Arquiteto Do Universo. [link]
[5] Revista Universo Maçônico. Ciência Estelar: A Ciência Dos Deuses e Dos Anjos. [link]
[6] Revista Universo Maçônico. À Glória do Grande Arquiteto do Universo. [link]
Fonte: Apologética XXI