A sociedade contemporânea tenta a todo custo negar que existe um bem absoluto, uma justiça absoluta. A sociedade anticristã de hoje nega que existe Deus e que existem valores absolutos. Principalmente por meio de instituições como escolas e universidades, ela passa diuturnamente a mensagem de que todos os valores são relativos, a mensagem de que o que é certo para você pode não ser para mim.
Veja, por exemplo, o que Dostoievsky escreveu em um trecho da obra “Os Irmãos Karamazov”. O referido autor, por meio do personagem Ivan, expõe a ideia de que em um mundo que nega Deus, tudo seria permitido; ou seja, o homem não mais seguiria o critério de moralidade emanado de Deus para saber o que é o bem ou o mal, o que é certo e o que é errado.
Em um mundo assim, o homem afastaria Deus, tentando afastar a objetividade da moralidade. Mas, como dizer que há moralidade quando cada um é o padrão de sua própria ação? Será que algo poderia ser justo para mim, mas não para você? Se não há Deus, ninguém pode estar errado em nada que faça. Tudo o que fará estará certo para ele, tanto que o fez, e ninguém terá o direito de dizer nada. Em resumo, um mundo sem Deus é um mundo impossível de ser vivido, é um mundo ilógico.
C. S. Lewis, assim como eu, percorreu o caminho que vai do ateísmo ao Cristianismo. No começo de sua trajetória, ele considerava a chamada questão moral como o grande obstáculo para a sua aceitação do Cristianismo. Ele achava este mundo era injusto demais para comportar um Deus bondoso. Até que Lewis, dando-se conta de que seu argumento não se sustentava logicamente, concluiu que o próprio senso de que o mundo era injusto somente faria algum sentido lógico se houvesse um critério de justiça absoluta e externa ao mundo, a partir da qual ele seria capaz de diferenciar o certo do errado, o justo do injusto, o bem do mal. Veja o que ele disse:
[Como ateu] meu argumento contra Deus era que o Universo parecia cruel e injusto demais. Mas de que modo eu tinha esta ideia de justo e injusto? Um homem não diz que uma linha está torta até que tenha alguma ideia do que seja uma linha reta. Com o que eu estava comparando este Universo quando o chamei de injusto? (C. S. Lewis, em “Cristianismo Puro e Simples”)
Assim, ele percebeu que o fato de ser capaz de achar o mundo injusto era, na realidade, uma prova a favor da existência de Deus e não contrária a isso. Além de o mundo sem Deus ser ilógico, ele seria sem esperança e incapaz de ser vivido. Em um mundo sem Deus, dizer que é errado torturar uma criança por prazer não seria expressar um juízo moral, mas sim uma opinião subjetiva, como, por exemplo, a de que eu prefiro sorvete de chocolate ao de baunilha.
Nietzsche, na obra “Assim falava Zaratustra”, populariza um conceito que já havia inserido em uma de suas obras anteriores, “A Gaia Ciência”. O conceito “Deus está morto” é o de que, em uma sociedade que afasta Deus, não há mais provisão de valores morais absolutos. Nietzsche vai além e mostra que em uma sociedade assim, sem valores, o homem tenta, em algum sentido, ser um super-homem, ocupar a posição de critério objetivo dos valores.
Dostoievsky faz mais ou menos o mesmo. Ele identifica que uma sociedade ateísta faria com que o homem tomasse o papel de Deus, tornando-se uma espécie de homem-deus. Penso que, neste ponto específico, Nietzsche e Dostoievsky têm razão.
Quando o homem se afasta de Deus, ele passa a procurar ocupar o lugar dEle, para tentar ser a fonte dos valores do mundo, para tentar dar logicidade ao mundo. Como ocupar o lugar de Deus é uma tarefa impossível, a humanidade na sociedade contemporânea mergulha na angústia de tentar ser o que nunca conseguirá.
Para resgatar a humanidade, em vão, o homem tenta ser Deus, tenta ser a fonte da qual emanam os valores morais; mas, repito, como a tarefa é impossível, o super-homem que Nietzsche idealizou nunca se realizará, pois o homem não pode por si só ser mais do que o homem; o homem não pode ser Deus, por sua própria força.
Em uma situação como esta, temos uma vida sem propósito, sem sentido objetivo, sem valores reais. Poucos talvez se atentem para isso, mas é a mesma ideia que está presente em Gênesis, um livro escrito há impressionantes trinta e cinco séculos, por um profeta chamado Moisés. O livro de Gênesis, nos versos 2:9, 2:16-17; 3:1-24, diz que a desobediência da humanidade ao comer da árvore do conhecimento do Bem e do Mal levará à morte, ao afastamento do Criador.
Realmente, afastando-se de Deus, o homem passa a ter ciência do Bem e do Mal, passa a tentar ser ele mesmo a fonte de onde emana a moralidade. Para resgate da humanidade, é que alguém veio à Terra para fazer isso; ou seja, para ser o critério da moralidade, do certo e do errado. Essa pessoa só logrou êxito porque era ele próprio a fonte, era ele próprio Deus.
Jesus Cristo é a Verdade que vem ao mundo corrompido para nos reconectar à fonte da moralidade, para nos tirar da crise dos valores, para que possamos cada vez mais alcançar o propósito para o qual fomos criados. Cristo é o único caminho do reconhecimento de que nós, como indivíduos, não queremos mais viver por nossa própria régua (o que é impossível), mas queremos viver pela de Deus. Somente em Cristo realizamos o que de qualquer outra forma ninguém consegue: ser mais do que o homem, pois é somente em Cristo que nos reconectamos com Deus.
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Deus abençoe,
Tassos Lycurgo
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2 pensamentos em “De Adão a Nietzsche, passando por Dostoievsky: Jesus é a solução para a crise dos valores”
Grata
Fantástico!