Um campo de força invisível e impenetrável, a cerca de 11 mil km da superfície da Terra, protege nosso planeta de doses letais de radiação. A descoberta surpreendente e até agora inexplicada foi feita por uma dupla de satélites da Nasa e reportada na edição de 27/11/14 da revista científica britânica Nature.
Lançadas em 2012, as Van Allen Probes tinham por principal objetivo estudar os chamados cinturões de Van Allen, que são dois anéis de radiação concentrada, produzidos pela interação do campo magnético da Terra com a torrente de partículas carregadas emanada constantemente pelo Sol.
Esse cinturão – formado por um cinturão interno (que fica entre 640 e 9,6 mil km acima da superfície terrestre) e outro externo (que fica entre 13,5 mil e 57 mil km) – foi descoberto em 1958. Sabe-se que eles são capazes de se expandir e de encolher e que se mantêm separados por alguma força.
Os cientistas liderados por Dan Baker (ex-aluno do próprio Van Allen e pesquisador da Universidade do Colorado), perceberam que todos os elétrons com os níveis mais altos de energia, que viajam em velocidades próximas à da luz, eram barrados um pouco acima do primeiro cinturão, nenhum deles conseguia passar a barreira dos 11 mil km.
Se esta radiação nociva chegasse à superfície da Terra, seria altamente prejudicial á vida. Mas a surpresa é que esse bloqueio abrupto observado contraria a expectativa original dos pesquisadores. Eles imaginavam que esses elétrons eram detidos de forma gradual pela atmosfera terrestre, conforme aconteciam colisões entre eles e as moléculas de ar. Uma barreira como esta a 11 mil km era totalmente impensável anteriormente.
É quase como se esses elétrons estivessem trombando com uma parede de vidro no espaço. É um fenômeno extremamente intrigante, disse Dan Baker, em nota.
Intrigante, misterioso (será?)
Os cientistas ainda não têm uma explicação clara do que daria origem à barreira, mas o campo magnético da Terra parece não ter nada a ver com isso. Para descartar essa hipótese, eles estudaram com especial atenção o comportamento dos elétrons sobre o Atlântico Sul. Por alguma razão pouco compreendida, o campo magnético do planeta é mais fraco naquela região – tanto que os cinturões de Van Allen chegam um pouco mais perto da superfície por ali. Se a barreira invisível fosse causada pelo magnetismo terrestre, seria natural que os elétrons conseguissem maior penetração por ali. Mas não. Mesmo naquele ponto, o fim da linha é ao redor dos 11 mil km.
Por enquanto, a melhor ideia com que Baker e seus colegas conseguem trabalhar é a de que as poucas moléculas gasosas presentes naquela altitude, formam um gás ionizado chamado de plasmasfera, que por sua vez emite ondas eletromagnéticas de baixa frequência. Seriam elas as responsáveis por rebater os elétrons altamente energéticos. [em tese]
Como testar a hipótese?
O segredo é continuar monitorando os cinturões, em busca de novas pistas do “mistério”. E é exatamente o que as Van Allen Probes vão fazer. Uma das descobertas já realizadas pelos satélites é que, durante momentos de grande atividade solar, os dois cinturões se desdobram em três. [fantástico]
A compreensão desses fenômenos é fundamental para proteger a vida na Terra, proteger nossos satélites em órbita, que podem ser danificados pela radiação concentrada e também é importante para garantir a saúde dos astronautas que porventura viajem além da órbita terrestre baixa.
Lembre-se: O campo magnético da Terra (Magnetosfera), assim como a “misteriosa barreira” que agora foi identificada, funciona como uma barreira contra a perigosa radiação solar que seria letal para vida em nosso planeta, ou seja, sem esta proteção, praticamente não haveria vida como à conhecemos. Mas não é só isso! Esse campo magnético do planeta também é percebido e utilizado por diversas espécies de animais, como aves migratórias e baleias. Ele interage com as radiações eletromagnéticas fazendo com que elas sejam freadas e também atua desviando-as de sua trajetória inicial, conforme podemos ver na imagem abaixo:
Ainda não existe uma explicação correta para a origem do campo magnético terrestre, mas a hipótese mais aceita diz que o campo magnético terrestre se origina das intensas correntes elétricas que circulam seu interior e não da existência de grande quantidade de ferro magnetizado em seu interior.
E você, o que acha?
Será que essa “misteriosa barreira” que protege a vida na Terra, assim como a Magnetosfera, são resultado de um processo acidental? Ou é um projeto de criação inteligente elaborado pelo Arquiteto da vida?
Referências:
G1 – Cientistas descobrem barreira que protege Terra de radiações;
Brasil Escola – O Campo Magnético da Terra